Sunday, December 9, 2007

Página 30 - Opinião

... e o mundo gira ao contrário
Isabella Formiga


Em novembro, no
Sudão, muçulmanos enfurecidos prenderam e exigiram a execução de Gillian Giggons, professora inglesa, que permitiu que seus alunos nomeassem um urso de pelúcia Maomé, o nome do profeta do Islã. Condenada por insultar o Islamismo, a professora foi presa e depois da indignação do mundo, perdoada pelo presidente.

Em Darfur, no Sudão, o governo patrocina o genocídio do próprio povo, em uma espécie de elitismo cultural dos árabes em relação às várias tribos africanas espalhadas pelo Sudão - que têm suas mulheres estupra
das, crianças mortas e tribos destruídas, em uma guerra que parece não ter fim. Árabes-africanos matam em nome do Islã, obrigando milhões de sobreviventes a andarem pelo deserto se relocando constantemente, sem comida, família, água. Além da imposição da lei islâmica no país inteiro - grande parte do país é cristão - os árabes acreditam que os africanos são inferiores e servem apenas para escravos.

Paralelamente, os árabes do Oriente Médio não reconhecem os árabes negros, da África, como muçulmanos, acreditando na sua superioridade racial . Já em Israel, uma muralha de 7 metros de altura e mais de 400 quilômetros é construída para separar os judeus dos árabes. Segundo os responsáveis, é necessário separar a parte feia - os árabes - da parte bonita, judeus. A muralha tem cerca elétrica, câmeras e sensores.

Fundam
entalismos à parte, enquanto a guerra pelo elitismo religioso e pelo monopólio da moralidade parece se perpetuar desde os primórdios, parte do mundo tenta chegar a um acordo sobre o que pode dar um fim ao que nenhum santo salva - aquecimento global. Em Bali, 191 países se reúnem para discutir um acordo sobre o protocolo de Kyoto - e se decidir entre proteger o mundo para as futuras gerações ou continuar com o consumo exagerado dos recursos naturais do planeta.

Enquanto isso, na vida real, é quase Natal. Shoppings lotados, sacolas, filas, roupas, celulares, carros, tecnologia. O mundo norte americano das celebridades, do falso luxo e do consumismo sem fim. Como suprir o vazio de quem não tem uma religião fanática para pôr um fim às dúvidas que afligem a alma? As doenças do
primeiro mundo são outras; depressão, apatia, vício, stress, obesidade. Adolescentes problemáticos atiram em shoppings e escolas, crianças tomam Ritalin, as pessoas vivem cada vez mais imersas em seus mundos particulares.

O mundo anda realmente muito louco, e pode parecer mais fácil viver envolvido com a própria vida, já tão complicada, do que se preocupar com coisas que simplesmente não temos o poder para mudar. Ainda assim, essa constante busca por individualismo e egoísmo parece não acalmar a alma, e vivemos a vida sem fazer nada a não ser por nós mesmos - talvez esse seja o sinal de que talvez, quem sabe, seja hora de fazer alguma coisa, fazer uma diferença - uma espécie de responsabilidade de cada um com o resto do mundo. Feliz natal.













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